sábado, 7 de julho de 2012

Tagliatelle e História

Simone é um jornalista de Pádua. Poderia também ser guia de turismo, pelo tanto que conhece da história de Pádua e da Itália. Ou poderia ser chef de cozinha.

Fui sua ajudante na preparação deste tagliatelle (sempre a dúvida de traduzir ou não os nomes das pastas) e enquanto a massa surgia ia aprendendo mais da história da cidade.

Ingredientes da massa:

Para cada 100g de farinha de trigo grano duro, 1 ovo, uma pitada de sal e água com moderação para ajudar a dar forma à massa. Também existe a opção sem ovo...

Na mesa limpa misturar os ingredientes (um buraco no meio da farinha) até formar uma massa homogênea, que não gruda na mão. Depois disso descansar ou num pano úmido ou embrulhada no plástico.

20 minutos

Enquanto isso soube que Pádua  (Pádova) é uma das cidades mais antigas e foi no império romano uma das mais prósperas do Vêneto. Reza a lenda que foi fundada por um herói troiano, Antenor (há referência também na Eneida de Vigílio) e entre muitas invasões, guerras, pouco restou do período romano.

Massa descansada hora de abrir: partir em quatro, fazer uma nova bolinha com cada pedaço e depois começar a passar a massa pelo cilindro. Tudo na mesa limpa e polvilhada de farinha.


Começa-se com a distância maior entre os rolos e depois de cada passada diminui-se um pouco a largura.

É a hora mais gostosa e de paciência, porque precisa passar a massa muitas vezes, cada vez com o cilindro mais apertado e a massa sai mais fina.


Aqui a foto da caixa da máquina de abrir massa. Ela é facilmente encontrada aqui e custa entre 30 e 40  euros. E tem opções para tagliatere, talharim, espaguete, além da massa lisa para lasanha.

Enquanto abrimos a massa aprendi mais. E soube que entre os séculos XII e XVI Pádua viveu um grande período de prosperidade. Onde a arte, a religião e a ciência deixaram marcas na vida da cidade. A Universidade de Pádua é umas das primeiras da Europa e aqui lecionou nada menos que Galileu (adorei!). Parece que todo pensador que tinha problemas com a igreja na época da inquisição vinha para Pádua, um pouco protegida pelo poder econômico de Veneza, que possibilitava uma certa independência do poderio religioso. Ao mesmo tempo a beleza das igrejas, oratórios e batistérios, são impressionantes. Giotto que veio mais de uma vez à cidade contratado para decorar igrejas, deixou seguidores tão bons quanto o próprio artista toscano.

Olha a massa saindo prontinha depois de aberta bem fininha!


O molho (que não é molho, porque não tem caldo):

Abobrinha em rodelas, cenoura em rodelas bem fininhas, um pouquinho de cebola bem batidinha, azeite. Tudo isso no fogo, com panela tampada. Sal.

Depois de escorrido o macarrão, misturamos aos legumes. Na hora de servir um pecorino romano ralado por cima.


Servido junto uma berinjela empanada e picada. Mas esta receita eu deixo para amanhã.

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